Após 68 anos, Ed. Abril deixará de publicar quadrinhos Disney

Provavelmente, para a maioria absoluta das pessoas, o fato da Editora Abril deixar de publicar revistas em quadrinhos de personagens Disney não tem a menor relevância para a maioria, e certamente a notícia deve ter passado desapercebida. Mas eu acabei me tornando quase um colecionador das revistinhas, já que desde que aprendi a ler acompanho quadrinhos, e tenho guardado em casa muitas das edições.

Mesmo com todas as dificuldades, a revista "O Pato Donald" da Editora Abril conseguiu chegar a edição 2.481 que chegou as bancas de jornais agora em junho, certamente a mais longeva publicação de quadrinhos por uma mesma editora no Brasil.

A situação mostra bem as dificuldades da mídia impressa, e as dificuldades da Editora Abril. E seu amigo dono de banca de jornais (se é que vocês ainda visitam bancas de jornais) deve estar sofrendo com a crise. Aqui em São Paulo, por exemplo, banca de jornal virou vendedor de água, refrigerante, recarga de celular, brinquedos e o que mais a imaginação permitir. Um amigo dono de banca de jornal me comentou que nunca vendeu tão pouco jornal como hoje, no domingo que estive na banca dele não tinha nem 3 exemplares do Estado de São Paulo para vender.

Pelo menos aqui em São Paulo, não tenho conseguido exemplares de quadrinhos Disney nem nos sebos, provavelmente um sinal de que sebos andam fora de moda, e quadrinhos Disney começam a rarear, já que exemplares acabam parando na mão de colecionadores. Mas sei que no Mercado Livre e no Ebay existem vários vendedores. No Ebay em especial encontro raridades e verdadeiras obras de arte do traço de quadrinhos de fabulosos artistas, às vezes a preços escandalosamente altos.

Mas se por acaso entre vocês existir alguém que também curta quadrinhos, sugiro que procurem a turma que transforma as revistinhas em edições digitais, excelentes para ler em tablets ou smartphones. Eu mesmo tenho uma coleção considerável de edições em formato digital, que a turma chama de scan, já que as edições em papel se deterioram após décadas armazenas em nossas estantes.


pra quem gosta de quadrinhos em geral, vale conhecer o site

https://www.planetagibi.com.br/


quem se interessar pelos scans, vejam este site:
http://agibiteca.blogspot.com/

Preço pago pela modernização....raras bancas mesmo e como citou as que hj ficam abertas ta mais pra lanchonete do que banca.....
Qto aos quadrinhos na infancia tive coleção , ai dei tudo embora cxs e cxs ...mas é uma pena acabar....

além da modernização, existe uma crise bem complicada no mercado editorial no Brasil. Caso de e-books, de modernização pura, que não decolaram no Brasil, só serviu para reduzir ainda mais as receitas, já que e-book é muito barato. Mercado de livros no Brasil parece ter encolhido coisa de 20% nos últimos 3 anos.

No varejo de livrarias, as coisas também não parecem nada bem, a FNAC entregou sua operação para a Livraria Cultura, que pelo menos pra mim, parece ter piorado muito nos últimos tempos, eu acho que eles estão mau abastecidas. Aqui em São Paulo, pelo menos na aparência, a Livraria Siciliano parece estar se virando, pelo menos as lojas não parecem desabastecidas.

não sei se é verdade, mas parece que a Editora Abril quer ficar com apenas 3 revistas no futuro: Veja, Exame e Cláudia. Nem a 4 Rodas escapa. A coisa anda feia demais, com o balanço da Abril mostrando patrimônio líquido negativo conforme auditado pela PwC, numa situação dessas, a dúvida sobre a viabilidade da continuidade das operações é patente.

UMa pena , mas infelizmente é o que terá então que fazer mesmo..

o que E. Abril tem de fazer é convencer mais gente a assinar as publicações dela. Porque demitir pessoal ela já fez de montão, e até mudou de prédio para tentar economizar com aluguel.

Mas além do desinteresse geral por mídia impressa, difícil alguém arriscar uma assinatura de um ano com este cenário de incerteza.

até agora ainda não sei que a editora irá fazer com os atuais assinantes dos quadrinhos Disney, a lógica seria ela devolver o valor, mas sei lá.

jornalismo, em particular da mídia impressa, está inviável, já que ninguém mais quer pagar para ler ( tem muita coisa grátis na net), e receita de publicidade para o tipo de mídia da Abril está todinha concentrada na mão de pouquíssimas empresas, tal como Google, Facebook.

sobre quadrinhos Disney em particular, o público consumidor atual é praticamente de adultos, acima dos 30 anos, por incrível que possa parecer, e que prefere comprar/colecionar edições luxo de capa dura. Mas somos muito mais exceções do que a regra, e somos poucos para sustentar um mercado. Nos áureos tempos estas revistinhas chegavam a circular centenas de milhares de cópias por edição, hoje os jornaleiros só têm os quadrinhos porque aquilo que não vender eles podem devolver, e geralmente acabam devolvendo quase tudo.

Podem reparar, crianças não pedem mais revistinhas. Além da concorrência com uma infinidade de novas tecnologias, me parece que as crianças estão se tornando adultas bem mais cedo. Aos 13, 14 anos é normal as crianças já terem engatado um namoro, no meu tempo eu sinceramente ainda brincava de carrinho, hehehe

Nos USA, até onde eu sei, o mercado de quadrinhos Disney também afundou, e faz tempo. Ainda existe algum mercado na Europa, tanto é que existem grandes ilustradores na Itália e até Noruega até hoje.

já em relação a Editora Abril, tenho muito apreço pela marca, as revistas da Abril me acompanharam desde criança.

Eu, quando garoto, lia avidamente a revista Seleções que tinha de montes em casa, foi aí que me habituei a ler periódicos, logo que comecei a trabalhar assinei a Veja por muito tempo, junto com a Superinteressante. Aliás, eu assinava montes de revistas, como a L'Éxpress francesa, a NY Times americana e a britânica The Economist. Uma das coisas que fez desistir das revistas impressas foi a quantidade de anúncios nas revistas, ainda que os editores jurassem que eram estes anunciantes que permitiam as revistas serem baratas.


As empresas no Brasil não costumam falar muito de si, menos ainda quando a situação está ruim. É impossível saber quais fatos são verdadeiros, e hoje nem a tiragem de Veja a gente consegue saber com certeza. Assim até conseguir uma boa grana de anunciantes deve estar difícil.